Saúde
Reposição hormonal pode melhorar a qualidade de vida da mulher
Especialista salienta que a decisão de usar essa terapia deve ser ponderada, considerando outros fatores de risco
As atrizes Andréa Beltrão e Denise Fraga, no ano passado, em entrevistas ao jornal O Globo e ao site Universa, respectivamente, disseram que fazem reposição hormonal. Qual é o objetivo desse tratamento? Administrar os sintomas provocados pela menopausa e prevenir o aparecimento de doenças que possam comprometer os ossos e o coração.
O tratamento consiste no uso de uma dose mínima de estrogênio (que pode ser ou não associado à progesterona). O Ministério da Saúde diz que a reposição hormonal pode ser interrompida logo que os benefícios tenham sido alcançados ou quando o médico considerar que existem mais riscos que benefícios.
Segundo o ginecologista André Vinícius de Assis Florentino, o período ideal para iniciar a reposição hormonal varia com a condição e as necessidades individuais da mulher. Porém, existe o que se chama de “janela de oportunidade” da terapia hormonal, período em que os benefícios são infinitamente superiores aos eventuais riscos. “Esta janela estende-se nos primeiros 10 anos após a menopausa ou até os 60 anos de idade”, conta.
No entanto, ele acrescenta que a reposição hormonal também pode acontecer em mulheres acima dos 60 anos, dependendo da avaliação médica individual. “Os benefícios e riscos devem ser cuidadosamente considerados, levando em conta a saúde geral da mulher e suas
necessidades específicas”, ressalta.
Uma das doenças ligadas à baixa produção de estrogênio é a osteoporose. Ela pode ser atenuada com a reposição hormonal, uma vez que esse hormônio desempenha papel crucial na saúde óssea. De acordo com André Vinícius, além da terapia hormonal, é vital que a paciente tenha uma prática regular de atividade física — em especial treino de musculação para construção de massa muscular que auxilia na redução de reabsorção óssea.
Vantagens e desvantagens
Para o médico, as vantagens da terapia hormonal incluem alívio dos sintomas da menopausa, como ondas de calor, insônia, alterações de humor, prevenção da osteoporose, melhora da libido, disposição e energia.
André Vinícius lembra que as desvantagens podem ter potenciais efeitos colaterais, que são dependentes da dose, da via de administração e do tipo de hormônio escolhido para o tratamento. “A decisão de realizar a terapia hormonal deve ser personalizada, levando em consideração a saúde global da mulher e seus objetivos, bem como a ausência de contraindicações.
Toda mulher que deseja e não tenha condições de saúde limitantes, deve realizar terapia hormonal na menopausa para ter qualidade de vida”, alerta. O ginecologista comenta que a reposição hormonal pode ser uma grande aliada na qualidade de vida da mulher, proporcionando alívio de sintomas incômodos da menopausa, melhorando aspectos como saúde óssea, função cognitiva e bem-estar emocional.
Associação entre a reposição hormonal e o risco de câncer
Conforme o ginecologista, há controvérsias sobre a associação entre terapia hormonal e câncer. Alguns estudos sugerem um aumento mínimo no risco de câncer de mama, enquanto outros não encontram essa correlação.
A avaliação do risco deve ser feita individualmente, considerando histórico médico e preferências pessoais. “Hoje em dia, sabemos que o desenvolvimento do câncer de mama, bem como dos outros tipos de câncer, é multifatorial. Obesidade, estresse, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e privação de sono desempenham um papel negativo que impacta mais negativamente que a própria terapia hormonal”, aponta.
Reposição hormonal antes da menopausa
André Vinícius diz que pode começar a partir do momento em que os sintomas impactam a qualidade de vida da mulher. O médico fala que no climatério, com início aos 40 anos, às vezes, a paciente começa a apresentar irregularidades menstruais que pode ser manejada com a reposição da progesterona. Mais adiante, surge o desejo sexual hipoativo que melhora com a reposição de testosterona.
Os fogachos, por sua vez, são aliviados através da reposição do estradiol. “Cada caso precisa ser individualizado. Mas o grande segredo está em repor apenas o hormônio que falta, na menor dose, e pela melhor via de administração personalizada para cada paciente”, orienta.
Relação da reposição hormonal ou como ela influencia nos aspectos psicológicos da mulher
O ginecologista argumenta que a reposição hormonal pode influenciar, de maneira positiva, nos aspectos psicológicos da mulher, proporcionando alívio de sintomas, como irritabilidade e depressão, associados, especialmente, à diminuição dos níveis hormonais de estradiol. “Além disso, uma terapia hormonal bem-feita devolve qualidade de vida e autoestima para a paciente. Isso proporciona um bem-estar mental superimportante”, finaliza.
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