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Cinema Novo – Dicas Divertidas – Milka Plaza

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UMA LEITURA DE GLAUBER – CINEMA NOVO

O cinema novo nasceu na década de 1960  em meio a superproduções de Hollywood. É que nos anos 1960 surgiu um movimento inovador, e revolucionário da história cinematográfica mundial. Um dos maiores representantes foi Glauber Rocha.

A poesia na arte do cinema era vista por meio da leitura da imagem, pela musicalidade do povo que mantinha as tradições como a roda de samba e a capoeira,  notados nas obras de Glauber. E em quê momento surge a poesia nos filmes de Glauber Rocha? No filme “Barravento” a poesia surge através do olhar da câmera ao capturar o movimento do mar, o som das cantorias durante o ritual de recolher a rede de pesca cercada do movimento dos corpos que encenam movimentos ritmados ao compasso do barravento, ritmo utilizado na capoeira, candomblé e umbanda. A poesia na obra de Glauber se encontra inserida nas tomadas aos locais em que ocorre a ação, nos olhares autênticos dos personagens e na autenticidade dos cenários.  Glauber recebeu o prêmio de melhor diretor, com  “O dragão da maldade” no festival de Cannes de 1969. Ele  filmou, escreveu, fez  articulações políticas, deu entrevistas e polemizou, sempre empenhado na luta para manter vivo o projeto de um cinema de autor com uma inflexão política, inserida no combate ao neocolonialismo e à hegemonia cultural dos países centrais do capitalismo”.

Os filmes de Glauber registram, na atitude de seus personagens, a revolta que ele sentia pelo colonialismo norteamericano e pelo descaso das autoridades perante o povo sofrido. Esse desgosto ele deixava claro em entrevistas em que assumia uma personalidade de militância. Segundo o próprio Glauber, “como os homens tendem para o mal, para a indignidade e como se luta para evitar o mal e a indignidade, o medo da fome, a pobreza e a miséria”.

Nas cenas, Glauber inseriu a poesia, dirigida à sensibilidade e imaginação tanto quanto ao raciocínio, antes encenada nos palcos. O que acontecia de específico repousava no olhar do ator de cada cena, na fotografia das paisagens, nos enquadramentos, na dramaticidade das situações em que era preciso fixar o olhar atento do espectador.

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Nas cenas do filme “O dragão da maldade contra o santo guerreiro:

 

Filme “O dragão da maldade contra o santo guerreiro” – 1969

Apesar de se tratar de um filme em que ocorrem mortes por causa da presença dos cangaceiros e do matador deles, no nordeste brasileiro, Glauber se preocupou em mostrar o cenário árido e a pobreza do povo do sertão, além de dar a conhecer a cultura dessas pessoas por meio da poesia cantada, como acontece na trilha sonora do filme, ao incorporar o repentismo.

A partir da década de 1970, quem não seguiu nessa linha, foi em direção ao Cinema Marginal para dar seguimento à perspectiva de contestação aos temas sócio-políticos.

Em 2016, o documentário brasileiro Cinema Novo foi premiado com o  ‘Olho de Ouro’, no Festival de Cannes. Dirigido por Eryck Rocha, filho de Glauber Rocha.

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A meu ver, diferente de cineastas consagrados mundialmente, ao inserir metáforas, cenas sem diálogos e videoarte, os escritos poéticos de Glauber permaneceram além das cenas porque como ele mesmo disse, “quero ser um homem revolucionário total, distanciado de qualquer problemática individual burguesa”. Sua obra permanece na poesia concreta incorporada à sua obra no momento em que os diálogos são suprimidos e as imagens falam por si.

Filme “O dragão da maldade contra o santo guerreiro” - 1969

Filme “O dragão da maldade contra o santo guerreiro” – 1969

Referências:

ROCHA, Glauber. Revolução do Cinema Novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

VENTURA, Tereza. A Poética Polytica de Glauber Rocha. Rio de Janeiro:

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FUNARTE, 2000.

Colunista: Milka Plaza

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