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Saiba mais sobre o aneurisma da aorta torácica

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Otaviano Costa - Foto divulgação

Médico diz que a condição afeta mais homens que mulheres

Há alguns dias, o apresentador Otaviano Costa surpreendeu o público ao anunciar que havia feito uma cirurgia devido a um aneurisma da aorta torácica. Segundo o cardiologista Bruno Gustavo Chagas, o problema é uma dilatação anormal da artéria que, por fragilidade de uma região da parede arterial, pode estar localizado desde a sua raiz, na porção ascendente, no arco aórtico e/ou na porção descendente. “É uma condição extremamente perigosa, com alto risco de ruptura da artéria, hemorragia e óbito”, aponta.

O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem como tomografia computadorizada (TC) de tórax, ressonância magnética torácica (RM) ou ecocardiograma transtorácico. O médico comenta que se diagnosticado no início, dependendo do diâmetro do aneurisma e iniciando o tratamento clínico de forma precoce, pode até evitar necessidade de cirurgia e, principalmente, de complicações que podem ser fatais.

Bruno esclarece que muitos pacientes são assintomáticos até que o aneurisma cresça significativamente e exerça pressão nas estruturas adjacentes ou em caso de possíveis complicações associadas. Ele lembra que à medida que o aneurisma cresce, ele pode pressionar estruturas próximas, incluindo nervos, ossos, músculos, traqueia, brônquios e esôfago. Isso pode causar dor, dificuldade para respirar, tosse, rouquidão e dificuldade para engolir, porém, só haverá esses sintomas quando já estiver grande e com alto risco. “A complicação mais temida é a dissecção da aorta, que é um rasgo na parede interna da artéria, criando um falso canal onde o sangue se infiltra e separa as camadas da parede arterial, altera o fluxo sanguíneo normal, causando dor intensa, sintomas de pressão baixa, potencialmente ruptura do aneurisma e morte súbita se não tratada rapidamente”, esclarece.

Tratamento e cirurgia

O cardiologista explica que nem sempre é preciso submeter o paciente à cirurgia. Conforme Bruno, em muitos casos, quando diagnosticado precocemente e sendo um aneurisma de pequeno calibre e que não esteja causando sintomas, é recomendado monitoramento regular, tratamento clínico medicamentoso e não medicamentoso onde se faz controle rígido de fatores de risco como pressão arterial, diabetes, tabagismo, colesterol, triglicerídeos, doenças do tecido conjuntivo e doenças da válvula aórtica. No entanto, a cirurgia é indicada quando o aneurisma é grande, se estiver aumentando de forma rápida, se tiver sintomas limitantes e maior risco de ruptura.

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Os benefícios que o procedimento pode trazer inclui a melhora significativa da qualidade de vida, tanto pela ausência dos sintomas associados ao tamanho do aneurisma, prevenção da ruptura da artéria comprometida eliminando esse risco associado a condição, que pode ser fatal, e também oferece benefícios substanciais para a saúde mental, emocional e psicológica do paciente e dos familiares, como redução da ansiedade, a melhoria do sono, o aumento da confiança e segurança, proporciona recuperação da função física e prolongamento da expectativa de vida. “Muitos pacientes relatam uma sensação de gratidão e uma nova perspectiva de vida após a recuperação, o que pode levar a uma maior valorização da vida e das relações pessoais”, pontua.

Pós-operatório

De acordo com o médico, envolve monitoramento intensivo em UTI inicialmente durante alguns dias, onde é realizado controle da pressão arterial, frequência cardíaca, temperatura, gases e eletrólitos sanguíneos, balanço hídrico, controle da coagulação, função pulmonar, renal e gastrointestinal, administração de analgesia para dor, antibióticos e anticoagulação se indicado, retirada da sedação, desmame da ventilação mecânica e da oferta de oxigênio para ser realizado a extubação, retirada de sondas, drenos e cateteres, progressão da dieta via oral enteral, fisioterapia precoce até que o paciente esteja estável para ter alta da UTI e ir para enfermaria.

A recuperação total pode levar semanas a meses, com restrições iniciais a atividades físicas e acompanhamento regular com cardiologista para assegurar que o reparo esteja funcionando adequadamente. É realizada a reabilitação cardíaca que inclui fisioterapia, controle de dor e medicações que controlam a pressão arterial, diminuem a sobrecarga cardíaca e arterial, estabilizam a coagulação e previne complicações. “Um monitoramento é feito em longo prazo, com acompanhamento regular realizando exames de imagem para monitorar a integridade do enxerto, da válvula, da função cardíaca e também exames de sangue para verificar o metabolismo e a função orgânica dependente do fluxo sanguíneo oferecido pelo coração e artérias”, destaca.

Homens são os mais afetados

Bruno Gustavo Chagas afirma que os aneurismas da aorta torácica são mais comuns em homens do que em mulheres. Estudos científicos mostram que a prevalência em homens é cerca de 2 a 4 vezes maior. A diferença de incidência entre os gêneros pode ser atribuída a uma combinação de fatores biológicos, genéticos e comportamentais. “Os fatores biológicos e genéticos estão relacionados à composição da parede aórtica. Nos homens, a parede da aorta tende a ter uma composição diferente de colágeno e elastina em comparação com as mulheres, o que pode torná-la mais suscetível a dilatações e rupturas. Nas mulheres têm um tecido conjuntivo mais robusto, o que pode oferecer alguma proteção contra o desenvolvimento de aneurismas”, ressalta.

Em relação aos hormônios sexuais, o cardiologista reforça que estudos sugerem que a testosterona pode ter um papel na predisposição dos homens para esse tipo de aneurisma, aumentando a atividade das metaloproteinases de matriz, que são enzimas degradantes da matriz extracelular da parede aórtica. Ele chama atenção que os estrogênios têm um efeito protetor nas mulheres, ajudando a manter a integridade do tecido conjuntivo na parede aórtica, pois a diminuição dos níveis de estrogênio após a menopausa pode contribuir para um aumento na incidência de aneurisma da aorta em mulheres mais velhas.

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Dr. Bruno Gustavo Chagas - Foto divulgação

Dr. Bruno Gustavo Chagas – Foto divulgação

O médico cita que as condições genéticas, como a Síndrome de Marfan e a Síndrome de Loeys-Dietz, que afetam a integridade do tecido conjuntivo e a válvula aórtica bicúspide ocorrem em ambos os gêneros, mas podem ser diagnosticadas mais frequentemente em homens devido à maior incidência de complicações cardiovasculares. “O tabagismo é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de aneurismas. É mais prevalente entre os homens, o que pode contribuir para a maior incidência dessa doença. A hipertensão arterial sistêmica, embora seja comum em ambos os gêneros, os homens são mais propensos a desenvolvê-la em uma idade mais jovem, aumentando o risco de aneurisma da aorta”, salienta.

O especialista enfatiza que o estilo de vida, em relação à dieta e atividade física, pode diferir entre homens e mulheres, influenciando indiretamente a saúde cardiovascular e o risco de desenvolvimento de aneurismas. Contudo, a idade de início de aneurisma da aorta nos homens, tende a ser diagnosticada na faixa etária de 50 a 70 anos. “Nas mulheres ocorre em uma idade mais avançada, muitas vezes após a menopausa. A prevalência de triagem para doenças cardiovasculares em homens é maior, resultando em diagnósticos mais frequentes”, finaliza.

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