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Entenda mais sobre o estresse e a inflamação crônica

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Ana Hickmann - Foto divulgação

Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o estresse como uma epidemia que atinge cerca de 90% da população mundial e pode causar outras doenças

A apresentadora Ana Hickmann passou por momentos de estresse e tensão com o fim conturbado de seu casamento. À época, em desabafo nas redes sociais, ela comentou que ficou dias sem conseguir dormir. Já a influenciadora digital Giovanna Ewbank chegou a ser internada após apresentar um quadro de estresse.

A neurologista Ana Carolina Dias Gomes explica que o estresse é uma resposta fisiológica e psicológica do organismo diante de situações que demandam uma adaptação ou uma resposta rápida, seja ela física, emocional ou mental. Essas situações podem ser percebidas como ameaçadoras, desafiadoras ou emocionantes, e ativam uma série de mecanismos no corpo para lidar com elas. “A resposta ao estresse agudo, também conhecida como resposta de luta ou fuga, envolve a ativação do sistema nervoso simpático e da glândula adrenal. Quando uma pessoa é exposta a um estímulo estressante, como um susto, uma situação perigosa ou um desafio, o cérebro envia sinais para o sistema nervoso simpático, que libera adrenalina e noradrenalina na corrente sanguínea”, esclarece.

Segundo a médica, a adrenalina age aumentando a frequência cardíaca, a respiração, a pressão arterial e a glicemia, preparando o corpo para lidar com a situação. O cortisol é um hormônio esteroide produzido pela glândula adrenal em resposta ao estresse. Ele é considerado o principal hormônio do estresse no corpo humano e tem um papel importante na regulação de diversas funções fisiológicas, como o metabolismo da glicose, a resposta imunológica e a pressão arterial.

Ana Carolina Dias Gomes - Foto divulgação

Ana Carolina Dias Gomes – Foto divulgação

Estresse crônico
De acordo com Ana Carolina, o organismo é exposto a situações estressantes por um período prolongado de tempo, podendo se tornar prejudicial. O excesso de cortisol no corpo pode provocar diversos efeitos negativos, como o enfraquecimento do sistema imunológico, o aumento do risco de doenças cardiovasculares, o ganho de peso e a redução da função cognitiva.

Além disso, pode levar à inflamação crônica de baixo grau no corpo. Isso ocorre porque o cortisol, apesar de ter um efeito anti-inflamatório agudo, pode desencadear um estado pró- inflamatório quando é produzido em excesso por períodos prolongados de tempo. O estresse crônico pode ativar o sistema imunológico e levar à produção de citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-6 (IL-6) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa).

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Inflamação crônica de baixo grau (ICBG)

 É associada a diversas doenças crônicas, como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, depressão e demência. “É importante gerenciar o estresse adequadamente e adotar hábitos saudáveis de estilo de vida para prevenir os efeitos negativos do estresse crônico no corpo”, alerta a médica.

Portanto, como afirma a especialista, pode-se supor que a redução dos níveis cronicamente elevados de cortisol leve a uma melhora na produção e na resposta à adrenalina. No entanto, ela ressalta que a relação entre esses hormônios é complexa, depende de diversos fatores fisiológicos, ambientais e mais pesquisas são necessárias para o entendimento melhor dessa
relação.

Exames laboratoriais

Conforme Ana Carolina, há exames que podem ser utilizados para identificar a inflamação crônica de baixo grau (ICBG), cada um com suas vantagens e desvantagens.

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Proteína C reativa (PCR): é um marcador de inflamação produzido pelo fígado em resposta à inflamação sistêmica. É um dos testes mais utilizados para detectar a ICBG por ser altamente sensível e pode ser facilmente medido em um teste de sangue de rotina. No entanto, a PCR também pode ser aumentada em outras condições, como infecções agudas, o que pode levar a resultados falsos positivos.

Proteína C reativa de alta sensibilidade: é um marcador de inflamação que pode ser detectado em exames de sangue de rotina. A PCR de alta sensibilidade é mais sensível que a PCR convencional e ajuda a detectar inflamação de baixo grau que pode não aparecer em outros exames.

Fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α): é outra citocina pró-inflamatória, produzida  principalmente por células do sistema imunológico. Assim como a IL-6, é um marcador mais específico de inflamação crônica, menos sensível e mais difícil de medir.

Ácido úrico: é um produto residual do metabolismo da purina que pode ser utilizado como marcador de inflamação crônica. Níveis elevados de ácido úrico no sangue estão associados ao risco aumentado de doenças crônicas, como doenças cardíacas e diabetes tipo 2.

Hemograma completo: pode revelar uma contagem elevada de glóbulos brancos, indicando inflamação.

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Homocisteína: é um aminoácido que pode estar elevado em pessoas com ICBG. Velocidade de hemossedimentação (VHS): mede a rapidez com que os glóbulos vermelhos se depositam no fundo de um tubo de ensaio. Uma taxa elevada pode indicar inflamação.

Leptina: é um hormônio produzido pelas células adiposas que regula a saciedade e o gasto energético. Níveis elevados de leptina estão associados à inflamação crônica de baixo grau, resistência à insulina e obesidade.

Fibrinogênio: é uma proteína produzida pelo fígado em resposta à inflamação. Níveis elevados podem indicar inflamação crônica.

Ferritina: é uma proteína intracelular que armazena ferro, sendo que suas concentrações no plasma podem aumentar a resposta a uma variedade de condições, incluindo inflamação. No entanto, como lembra a médica, a ferritina também é um indicador de estoques de ferro no corpo e pode estar elevada por outras razões além da inflamação. A avaliação é necessária
em conjunto com outros marcadores para interpretar corretamente os resultados.

Tratamento da inflamação crônica de baixo grau (ICBG): A neurologista salienta que o objetivo é reduzir a inflamação, melhorando a função metabólica e imunológica do corpo. Ela cita alguns dos melhores tratamentos baseados em evidências científicas recentes.

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Dieta anti-inflamatória: uma dieta rica em alimentos como frutas, legumes, nozes, sementes, peixe e azeite de oliva, pode ajudar a reduzir a inflamação crônica. Alimentos processados, açúcar, gorduras trans e carnes vermelhas devem ser evitados.

Exercício físico regular: pode reduzir a inflamação crônica, melhorar a função imunológica e reduzir o risco de doenças crônicas.

Redução do estresse: o estresse crônico pode levar à inflamação crônica. Práticas como meditação, ioga e terapia cognitivo-comportamental podem ajudar a reduzir o estresse e a inflamação.

Sono adequado: a privação crônica de sono pode levar a um aumento da inflamação. É importante garantir um sono adequado de qualidade e quantidade.

Suplementos: ômega-3, curcumina, vitamina D, probióticos e ácido alfa-lipóico foram demonstrados em estudos clínicos para ter efeitos anti-inflamatórios.

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