Fibromialgia: Cannabis Medicinal pode ser uma alternativa ao tratamento

Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor, mulheres entre 25 a 50 anos correspondem a 90% dos casos diagnosticados da doença

A campanha Fevereiro Roxo foi criada para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce das doenças Alzheimer, Fibromialgia e Lúpus. Elas não têm cura, mas é fundamental a realização do diagnóstico correto para que o tratamento seja feito de modo eficaz e seguro. A fibromialgia provoca dores musculares generalizadas e crônicas.

O problema ocorre no sistema nervoso, onde há a produção excessiva de glutamato — um neurotransmissor excitatório — e de substância P — um neuromodulador diretamente ligado à percepção da dor. Dados da Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor (SBED), de 2022, mostram que pelo menos 3% da população brasileira sofre com dores físicas intensas e incapacitantes da fibromialgia. O estudo ainda aponta a síndrome como a mais recorrente em mulheres.

De acordo com o médico José Wilson Andrade, vice-presidente da Associação Pan- Americana de Medicina Canabinoide, as pacientes apresentam um quadro de fadiga intensa e distúrbios do sono associados. A depressão é outro sintoma comum.

Ele conta que um estudo de 2016, feito pelo professor Ethan Russo, comparou três drogas aprovadas para fibromialgia pelo FDA (Food and Drug Administration) — Duloxetina, Milnacipran (antidepressivos) e Pregabalina (anticonvulsivante) — com a Cannabis Medicinal. “A Cannabis foi superior nos três casos, sendo observada melhora na dor e qualidade do sono”, comenta.

Dr. José Wilson – Foto: Divulgação

José Wilson explica que a grande vantagem da Cannabis Medicinal é o seu potencial de agir nos diversos sintomas. “Modula a produção de neurotransmissores, a percepção à dor, proporciona um sono regenerativo e tem grande potencial ansiolítico. Esse amplo espectro terapêutico, e a ausência de efeitos colaterais graves, faz com que a Cannabis seja uma excelente opção para o tratamento da fibromialgia”, destaca. No entanto, o médico lembra que existe contraindicação para gestantes e lactantes.

Conforme José Wilson, os melhores resultados no tratamento da fibromialgia são oferecidos pelas abordagens amplas e integrativas, além das multiprofissionais. Ele diz que a atividade física aeróbica de média intensidade, comprovadamente, tem efeito benéfico. Contudo, o médico também ressalta a necessidade de terapia cognitivo-comportamental e o uso de medicamentos, no caso, fitocanabinoides.