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RESENHA DE “O SEGREDO DO CAMINHO”, de José Nelson Freitas Farias

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O Segredo do Caminho está dando o recado: a destruição é iminente e a salvação ainda é possível, depende do Homem

Motivado por uma viagem pelo Caminho de Santiago de Compostela, José Nelson traz para o presente livro suas reflexões e questionamentos pessoais, sub-liminarmente presentes ao longo do texto. Amigos que ele fez ao longo da jornada se transformaram em personagens, sempre guerreiros ou sábios, o que atesta sua admiração pelas pessoas de carne e osso.

O Chamado, primeiro volume da trilogia O Segredo do Caminho, retrata a saga de dois escolhidos, Yakecan e Anahi, em busca de trinta e três pedras que, unidas, ao formarem um colar, salvarão o Universo da destruição total prevista pela Teoria do Colapso Total.

O livro, porém, inicia-se antes, com uma reunião entre sábios e promovida pelo mago Anacom a respeito da possibilidade de alinhamento das galáxias que provocariam a retração contínua do Universo e sua conseqüente extinção. Estudos e análises cósmicas dos magos e da Ordem de eleitos demonstrou que essa possibilidade era bem real. Vindos de todos os pontos do Universo, magos e sábios estabelecem que, para provar a Teoria do Colapso Total, trinta e três pedras serão lançadas no Universo. Se qualquer uma delas vier a cair em algum planeta, estará provado o desequilíbrio do Universo e voluntários daquele planeta serão chamados para resgatar as pedras e restabelecer o equilíbrio do Universo a partir da formação de um colar.

O que era catastroficamente previsto, acontece, as pedras caem no planeta Terra. Yakecan, acompanhado de sua mulher Anahi, saem em busca das pedras, atendendo ao chamado feito através de sonhos que, sem conseguir explicá-los, os guiam intuitivamente.

O livro pode ser classificado como literatura fantástica, onde elementos fantasiosos e mágicos tem papeis básicos no enredo.
Uma certa linha antropológica, quando analisa elementos de alguns rituais, como as máscaras ritualísticas, costuma indicar os traços em destaque como propósitos de realce das funções ali exageradas. Por exemplo, mulheres de seios enormes realçariam a função alimentar, homens de pênis eretos e grandes simbolizariam a fertiilidade e a necessidade de reprodução. E por aí vai.

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Acredito que a literatura fantástica insere-se nesse papel descrito por essa linha antropológica.

Vivemos numa era de iminente destruição da vida na Terra pela própria ação do homem. Parece que, como no Segredo do Caminho, jogamos dados ao Universo, de forma gananciosa e irresponsável, moldando um destino catastrófico. Mas no Segredo, o que se busca é mudar o Destino, através da ação dos heróis e seus abnegados seguidores, enquanto diariamente nos esforçamos por traçar um destino de morte e destruição, em nome da ganância desenfreada e da acumulação insustentável. Macunaíma desbravando São Paulo atrás de sua muiraquitã, Ulisses navegando incansável atrás de seu velocino de ouro ou John Wayne arrancando escalpos peles-vermelha em função de terras e riquezas. O Homem em eterna busca.

O Segredo do Caminho é também uma história de busca. Uma de suas melhores idéias foi entregar a missão a Yakecan e Anahi. Em tempos de tentativa de dizimação dos Yanomami (também referenciados no livro – Yanomae) perpetrada por pessoas inescrupulosas e nefastas, a escolha de dois indígenas é mais um símbolo de que só a ligação umbilical com a Terra é capaz de nos salvar da extinção.

O local como o lugar do universal, a ligação entre o fazer do Homem e seu destino, sabedoria e coragem como comportamentos basilares, são todos elementos sub-liminares de O Segredo do Caminho. Os dados foram lançados e as pedras já caíram. Quem vai uni-las no colar?

“Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante… Um índio preservado em todo pleno corpo físico, em todo sólido, todo gás e todo líquido…”

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O Segredo do Caminho está dando o recado: a destruição é iminente e a salvação ainda é possível, depende do Homem. O Segredo é uma trilogia. Assim como a Terra, a sua história ainda não acabou

Marcelo Elo de Almeida, escritor, ensaísta, contador de histórias.

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